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domingo, 27 de maio de 2012

Para meditar… ser Português hoje é mesmo de dar em doido



O MÉDICO QUE DEVERIA GOVERNAR PORTUGAL

Artigo de Pedro Afonso - Médico psiquiatra


Pedro Afonso, médico psiquiatra no Hospital Júlio de Matos

Transcrição do artigo do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no Público

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença
psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das
crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Não terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres
humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos
ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de
três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão
cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e
complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso
Médico psiquiatra 


quinta-feira, 3 de maio de 2012

VENDE-SE!!!


EXCELENTE OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO:

VENDE-SE PAÍS PERIFÉRICO (PORTUGAL) INTEGRADO NA UNIÃO EUROPEIA COM VÁRIAS ÁREAS DE INTERESSE:

- 2 MIL KM/2 DE PRAIAS;

- 10 MILHÕES DE INQUILINOS / + DE 50% COM MÉDIA DE IDADES SUPERIOR A 60 ANOS
(PERSPECTIVA DE VIDA DE CURTA DURAÇÃO), SEM COMPROMISSOS SOCIAIS E ENCARGOS COM A POPULAÇÃO (completamente submissos).

EXCELENTES ÁREAS DE EXPLORAÇÃO:

ELECTRICIDADE, ÁGUAS, TRANSPORTES, COMPANHIA AÉREA, TELEVISÃO, CORREIOS, PETRÓLEO E ENERGIAS ALTERNATIVAS;

MILHARES DE HECTARES DE TERRAS PARA CULTIVO ABANDONADAS;

MILHARES DE KM DE AUTO-ESTRADAS DESERTAS;

MILHARES DE KM2 DE MAR PARA PESCA AINDA SEM EXPLORAÇÃO;

ALGUMAS MINAS DE OURO E OUTROS METAIS PARA EXPLORAÇÃO;

CLIMA TROPICAL / APROXIMADAMENTE 7 MESES DE SOL / ANO;

2 REGIÕES AUTONOMAS UMA DELAS CHEIA DE BURACOS, MAS COM OFFSHORES E REI DE BRINCADEIRA;

DIVERSOS PALÁCIOS PÚBLICOS COM INQUILINOS A CONTRATO;

2 ESTALEIROS NAVAIS FECHADOS;

1 SIDERURGIA E VÁRIAS UNIDADES FABRIS DESACTIVADAS;

REDE EFICIENTE DE COBRADORES;

VÁRIOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL SEM INQUILINOS;

DOS MELHORES PARQUES AUTOMÓVEIS DA EUROPA;

DOS MELHORES GESTORES PÚBLICOS DO MUNDO 
(a julgar pelos vencimentos e mordomias);

UM EXÉRCITO DE DESEMPREGADOS QUE ACEITAM TUDO A QUALQUER PREÇO;

OFERECE-SE COMO BÓNUS A MODERNIZAÇÃO DAS LINHAS FERROVIÁRIAS.

PREÇO BASE DE LICITAÇÃO: 240 MIL MILHÕES DE EUROS.


ENVIO DE PROPOSTAS PARA:
A Comissão Liquidatária – Merkel, Passos, António Borges, Gaspar & Amigos Associados, PALÁCIO DE SÃO BENTO, RUA DE SÃO BENTO, LISBOA
AO CUIDADO DO SR. VITOR GASPAR,

MOTIVO: ORÇAMENTO 2012.