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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Desaparece Alma do Diabo...

José Sócrates esteve igual a si próprio no discurso de derrota. E o discurso esteve igual ao previamente escrito e colocado no teleponto. Sem tirar nem pôr. Espontâneo "como sempre", quem o ouvia parecia esquecer-se que a sinceridade que este pretendia transmitir estava a passar-lhe diante dos olhos, não vinha de dentro mas de fora, das letrinhas que iam passando mesmo à sua frente. Suava em bica. Tudo falso, tudo planeado ao milímetro até ao último pio desta figura. Muitos chamaram-lhe "atitude digna". Eu chamo-lhe escrita criativa e teatrinho de vão de escada.
O que dizer da parte do discurso de derrota em que a plateia começou a gritar "NÃO! NÃO! NÃO! quando percebeu que o homem se ia demitir, e este se sai num falso-patético-comovido: "meus amigos não tornem isto ainda mais difícil". Ó José coitadinho de ti. Ó José coitadinhos de nós de termos tido de levar contigo. Deixa-me chorar perante tamanho dissabor que te causámos. Ter de se despedir. Alguém o obrigou? Não ia lidar a oposição com dignidade se os portugueses assim entendessem? Não foi isso que andou a apregoar?
Dignidade seria este homem, o maior bluff político de sempre em Portugal, pedir desculpa aos portugueses pelos danos causados ao país, à sua economia e principalmente aos cidadãos nos últimos seis anos e meio. Exorcizar o mal antes de sair para a reforma dourada com o rabinho entre as pernas. Foram precisas três eleições legislativas para os portugueses perceberem com quem estavam a lidar. Três castings para finalmente decidirem se queriam continuar com este fraquíssimo actor político e fortíssimo actor a trabalhar na política. Foi preciso não haver esperança para Portugal varrer do mapa este vendedor de sonhos, ilusionista das promessas e profissional da fuga para a frente, um verdadeiro senhor do abismo.
"Não levo qualquer ressentimento ou amargura para os dias felizes que tenho pela minha frente" disse ainda com uma lata descomunal: nem amargura, nem ressentimento nem vergonha na cara pelos vistos. Não a leva porque deixa tudo para trás. Milhões de portugueses amargurados e desesperados. Queria que lhe pedíssemos desculpa por danos causados? Milhões de vidas condicionadas pela sua governação negligente, incompetente e completamente irresponsável. E o tempo e a justiça, se ainda existir neste país, decidirão se ficam por aqui os casos e muitos anos de delapidação deste país perpetuada por si e pela sua ranhosa comandita. Tenha vergonha!
Já que vai abandonar a política e não se lhe conhece outra actividade profissional nos últimos 30 anos, deixo-lhe uma pergunta - em que centro de emprego se vai inscrever? Ou será que os dias felizes que garante ter pela frente estão escritos nas estrelas, ou no teleponto
In “Expresso” 08.06.2011


Desgraçado; que nos desgraçastes...
Leve-te o demónio para longe.
Com fortuna choruda te safaste!
No convento não passes de monge.


 

3 comentários:

Tintinaine disse...

Tenho esperança de ver algum jornalista (talvez a Manela Moura Guedes) fazer um levantamento exaustivo dos seus pertences actuais para ficarmos a saber quanto lucrou com a crise que vamos pagar até ao fim deste século.

edumanes disse...

Nunca ficaremos a saber,
Com quanto eles chegaram
Também não nos irão dizer
Quanto ao povo roubaram!!!

Este teu blog, cinco estrelas,
Para meus comentários escrever
Alguns políticos prisão merecelas
É preciso quem, mal, faz não esquecer.

Não esquecer que hoje é dia de Camões,
Antigamente, dizia-se que era o dia da raça!
Hoje, por questões políticas "mesquinhas", diz-se dia de Camões, de Portugal e das comunidades.
Será que a raça não faz sentido?
para todos um resto de dia muito feliz.

Piko disse...

Desenganem-se todos aqueles que pensam que o homem estava assim tão chateado... E será bom perceber o porquê, sob pena de andarmos por aqui mais algum tempo sem atinarmos com o ESSENCIAL!... O essencial para este tipo de pessoas como Sócrates será cumprir o mandato ou os mandatos zelando primeiro que tudo pela economia dos poderosos, neste caso de Portugal e por arrastamento dos países que se pautam pelo mesmo padrão e que são os Europeus e os outros... É claro que os ciclos se esgotam e é por isso que o sistema procura renovar-se recorrendo a eleições... Daqui se depreende duas coisas bem distintas:- A primeira é que perante o sistema o homem teria estado bem e perante quem vive do emprego ou do desemprego o homem teve um desempenho péssimo, porque descarregou nos desgraçadinhos os efeitos do período menos bom que o capitalismo vem atravessando...
Logo, não me parece que Sócrates venha a ter qualquer dificuldade no futuro com o seu desempenho profissional... Bem pelo contrário, na Europa que ele tanto bajulou e serviu, talvez, mais que ao seu país, mas mesmo fora da Europa, a começar pelo Brasil, não lhe faltarão paraísos, onde poderá passear todo o seu egocentrismo de vaidades balofas e que são as características de quem descobriu bem cedo que o mundo das pessoas com decência não lhe merece crédito algum e comporta-se como um marginal, cioso de dar nas vistas a qualquer preço, sabendo que a recompensa, nestes casos, normalmente, até é elevada!...
Um abraço para o Canadá!