A formiga trabalha durante todo o Verão debaixo de Sol.
Constrói a sua casa e enche-a de provisões para o Inverno.
A cigarra acha que a formiga é burra, ri, vai para a praia, bebe umas bejecas,
dá umas quecas, vai ao Rock in Rio e deixa o tempo passar.
Quando chega o Inverno a formiga está quentinha e bem alimentada. A cigarra
está cheia de frio, não tem casa nem comida e morre de fome.
Fim
Versão portuguesa
A formiga trabalha durante todo o Verão debaixo de Sol.
Constrói a sua casa e enche-a de provisões para o Inverno.
A cigarra acha que a formiga é burra, ri, vai para a praia, bebe umas bejecas,
dá umas quecas, vai ao Rock in Rio e deixa o tempo passar.
Quando chega o Inverno a formiga está quentinha e bem alimentada.
A cigarra, cheia de frio, organiza uma conferência de imprensa e pergunta
porque é que a formiga tem o direito de estar quentinha e bem alimentada enquanto
as pobres cigarras, que não tiveram sorte na vida, têm fome e frio.
A televisão organiza emissões em directo que mostram a
cigarra a tremer de frio e esfomeada ao mesmo tempo que exibem vídeos da
formiga em casa, toda quentinha, a comer o seu jantar com uma mesa cheia de
coisas boas à sua frente.
A opinião pública tuga escandaliza-se porque não é justo que
uns passem fome enquanto outros vivem no bem bom. As associações anti pobreza
manifestam-se diante da casa da formiga. Os jornalistas organizam entrevistas
e mesas redondas com montes de comentadores que comentam a forma injusta como a
formiga enriqueceu à custa da cigarra e exigem ao Governo que aumente os
impostos da formiga para contribuir para a solidariedade social.
A CGTP, o PCP, o BE, os Verdes, a Geração à Rasca, os
Indignados e a ala esquerda do PS com a Helena Roseta e a Ana Gomes à frente e
o apoio implícito do Mário Soares organizam manifestações diante da casa da
formiga.
Os funcionários públicos e os transportes decidem fazer uma
greve de solidariedade de uma hora por dia (os transportes à hora de ponta) de
duração ilimitada.
Fernando Rosas escreve um livro que demonstra as ligações da
formiga com os nazis de Auschwitz.
Para responder às sondagens o Governo faz passar uma lei sobre a igualdade
económica e outra de anti descriminação (esta com efeitos retroactivos ao
princípio do Verão).
Os impostos da formiga são aumentados sete vezes e
simultaneamente é multada por não ter dado emprego à cigarra. A casa da
formiga é confiscada pelas Finanças porque a formiga não tem dinheiro que
chegue para pagar os impostos e a multa.
A formiga abandona Portugal e vai-se instalar na Suíça onde,
passado pouco tempo, começa a contribuir para o desenvolvimento da economia
local.
A televisão faz uma reportagem sobre a cigarra, agora
instalada na casa da formiga e a comer os bens que aquela teve de deixar para
trás. Embora a Primavera ainda venha longe já conseguiu dar cabo das provisões
todas organizando umas "parties" com os amigos e umas "raves"
com os artistas e escritores progressistas que duram até de madrugada. Sérgio
Godinho compõe a canção de protesto "Formiga fascista, inimiga do
artista...".
A antiga casa da formiga deteriora-se rapidamente porque a
cigarra está-se cagando para a sua conservação. Em vez disso queixa-se que o
Governo não faz nada para manter a casa como deve de ser. É nomeada uma
comissão de inquérito para averiguar as causas da decrepitude da casa da
formiga. O custo da comissão (interpartidária mais parceiros sociais) vai para
o Orçamento de Estado: são 3 milhões de euros por ano.
Enquanto a comissão prepara a primeira reunião para daí a três meses, a cigarra
morre de overdose.
Rui Tavares comenta no Público a incapacidade do Governo
para corrigir o problema da desigualdade social e para evitar as causas que
levaram a cigarra à depressão e ao suicídio.
A casa da formiga, ao abandono, é ocupada por um bando de
baratas, imigrantes ilegais, que há já dois anos que foram intimadas a sair do
País mas que decidiram cá ficar, dedicando-se ao tráfego da droga e a
aterrorizar a vizinhança.
Ana Gomes um pouco a despropósito afirma que as carências da
integração social se devem à compra dos submarinos, faz uma relação que só ela
entende entre as baratas ilegais e os voos da CIA e aproveita para insultar
Paulo Portas.
Entretanto
o Governo felicita-se pela diversidade cultural do País e pela sua aptidão para
integrar harmoniosamente as diferenças sociais e as contribuições das diversas
comunidades que nele encontraram uma vida melhor.
A formiga, entretanto, refez a vida na Suíça e está quase milionária...
FIM
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